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Chuva extrema provocou inundações em Santa Catarina | PREFEITURA DE PAULO LOPES

A chuva praticamente não dá trégua no Leste de Santa Catarina e os acumulados desde o final da semana passada atingem valores excepcionalmente altos. Algumas cidades registraram chuva entre 300 mm e 500 mm, o que provocou alagamentos, inundações, enchentes e deslizamentos de terra.

Dados de estações da Epagri-Ciram mostram que a chuva acumulada em 96 horas até às 9h desta segunda-feira foram de 383 mm em Antônio Carlos e Águas Mornas, 346 mm em Praia Grande, 311 mm em Santo Amaro da Imperatriz e 288 mm em Florianópolis (ilha). Várias localidades do Sul e do Leste catarinense anotaram na rede da Epagri acumulados de 100 mm a 200 mm no período, como Tubarão (152 mm) e Joinville (154 mm).

Na rede do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), os acumulados em 96 horas até 9h desta segunda foram de 420 mm em Santo Amaro da Imperatriz, 368 mm em São José, 398 mm em Garopaba, 316 mm em Biguaçu, 284 mm em Canelinha, 283 mm em Palhoça, 279 mm em Antônio Carlos, 256 mm em São João Batista, 237 mm em Praia Grande, 210 mm em Governador Celso Ramos e 204 mm em Governador Celso Ramos.

Por que choveu tanto no Sul e no Leste de Santa Catarina. O que chama atenção ao se olhar os dados de chuva registrada é como a precipitação foi extrema em localidades que estão junto a morros da Serra do Mar, seja em encosta ou próximos perto da costa. Ao mesmo tempo, em municípios mais a Oeste e ao Meio-Oeste catarinense a chuva teve volumes baixos na maioria dos pontos.

Isso evidencia que a chuva foi de natureza orográfica, o que explica os volumes extremos em diversos municípios. Aliás, uma situação que em nada surpreendeu porque desde o meio da semana passada a MetSul advertia para o risco de chuva excessiva a extrema no Sul e no Leste catarinense.

A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias. Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo.

Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo. O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.

Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil.

O tempo segue instável nas áreas afetadas por inundações até o começo da quarta-feira, uma vez que se espera o avanço de uma frente fria amanhã. Não são esperados, porém, volumes tão altos quanto os registrados nos últimos dias. Onde pode chover forte e ainda não choveu com maiores volumes é no Oeste catarinense, uma vez que a frente fria deve ter maior atividade sobre o Oeste do Sul do Brasil.

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